Antropofagia e Mangás

A literatura brasileira era uma mera cópia dos estilos literários europeus, ou melhor, pior que uma mera cópia, porque copiávamos estilos já obsoletos na Europa, porém um dia na década de 20, Oswald de Andrade cria o conceito de antropofagia cultural, ou seja, alimentar nossa cultura com o melhor da cultura européia, mas sem perder o estilo nacional... Agora o que isso tem haver com mangás?
A maioria dos mangás nacionais que li são ótimos e vejo que mesmo assim não fazem o sucesso que mereciam, mas isso não é inteiramente culpa das editoras, penso que os mangás brasileiros são menosprezados, pois recebem a alcunha de pseudo mangás ou de cópia, já vi pessoas recusarem a ler a “Ação Magazine” por que têm a idéia “Mangá só japonês”. Por isso penso em antropofagia, devemos acabar de chamar nossas obras de pseudo mangás, de fanzines ou até mesmo... De mangás... Acho que devemos esquartejar o estilo japonês e nos alimentar com o melhor dela e criar algo nosso, devemos nos fitar nos exemplos dos coreanos, que perceberam que como estavam anos atrás, apenas pseudo mangás coreanos e criaram os manhwa, que apesar de ter semelhanças com os mangás, já se apresenta um estilo próprio, legitimamente coreano. Devemos fazer como dizia Voltaire “Ousar pensar”, devemos ousar pensar um novo estilo para assim não ganharmos apenas respeito dos leitores brasileiros (que são e sempre devem ser o nosso alvo), mas também dos estrangeiros, afinal nenhum estrangeiro vai querer ler um mangá brasileiro, o mangá japonês sempre vai prevalecer, por isso creio que devemos criar nossos próprios gêneros.
Agora como um estilo de quadrinhos nacionais pode fazer sucesso? Eu não sei a receita do sucesso, sou um mero roteirista iniciante, um leigo aos roteiristas de sucesso, mas como ensina Kant, devemos fazer publicidade de nossos pensamentos, não necessariamente uma publicidade comercial e sim manifestar em público nossos pensamentos, no nosso caso manifestar em público um novo estilo de quadrinhos nacionais, talvez faça sucesso, talvez não, mas o mundo dos quadrinhos e das artes em geral não é sempre uma aposta? E também a Semana da Arte Moderna que fracassou em sua época, se mostrou um sucesso nas décadas seguintes.

Como ja disse pedro, o problema é criar algo novo que seja aceito pela maioria...
Eu gosto de fazer MANGÁS,pois gosto desse estilo, mas não adianta criar um novo estilo por criar e várias pessoas não o aceitarem! Por exemplo; Eu não aceitaria um estilo qualquer, que determinasse o tema de minhas histórias, fora que como o Brasil é um pais grande, se forem criar um novo estilo, não vai ser só um! Pois no Brasil, a muitas diferenças na cultura e no pensamento das pessoas, e uma prova disso é o próprio preconceito! Um não aceita o outro.

ñ seria bom:? O q o pedro fala quando e pra gente fazer algo novo, e realmente fazer algo na cara do brasil, se vc ver o brasil não tem só uma cara isso e otimo para o brasil.

Guanimes ousar algo novo sempre é uma aposta, se a humanidade não ousasse ainda viveríamos no Absolutismo, você não conheceria o Japão, porque nem as grandes navegações seriam possíveis sem ousadia. E conquistar um público com um novo tipo de história não é tão dificil, ora, a Marvel Comics não conseguiu fazer sucesso colocando heróis imperfeitos cheios de humanidade? Os mangás não era um estilo novo e estranho quando chegaram no Ocidente décadas atrás? Mas os mangás não conseguiram fazer sucesso? Porque os mangakás foram ousados, foram corajosos ao procurar misturar o folclore japonês com outras culturas, por misturarem realidade com fantasia.
Guanimes temos que ter coragem, temos que ter ousadia, porque temos que deixar de ser uma sombra dos mangás, dos quadrinhos americanos e dos quadrinhos europeus. Acredito que estaremos criando uma obra de traço único ao criarmos a história colocando nós e nossa realidade nela. Eu citei a Antropofagia de Oswald de Andrade, mas temos inúmeros exemplos de "traços novos" feito por brasileiros, como por exemplo, a Bossa Nova, o Rock Nacional dos anos 80, as telenovelas de Janete Clair que graças a ela, nossas novelas hoje são consideradas as melhores do planeta. E você citou as diferenças culturais, na vida real as diferenças podem ser uma barreira, mas na ficção não. Por exemplo, inúmeros nordestinos adoraram "A Casa das Sete Mulheres" uma obra focada no Sul do Brasil, uma obra que mostra o Sul do Brasil lutando contra o "resto" do Brasil. A novela "Cordel Encantado" vez bastante sucesso em todo o Brasil, não apenas no Nordeste onde se passava a história da novela. Nós brasileiros sentimos empatia facilmente, por isso é fácil seduzir a nós com uma história boa e com personagens bons.
E flame você está certo, temos várias caras, várias cores, somos um país multicultural e isso é um ponto a mais ao nosso favor.

Excelente assunto a ser debatido. o/

Não tenho uma bagagem cultural muito grande, por isso prefiro usar pensamento logico e observar o mercado para decidir meus rumos e quais conhecimentos acumular. Mas vou colocar meus pensamentos em relação a alguns pontos.

Já li muitas histórias nacionais ótimas, e muitas outras que eram apenas lixo. mas algo sempre me chamou a atenção nisso tudo, a clara tentativa dos autores nacionais tentarem emular os estilos estrangeiros, e fazerem questão de serem rotulados como "pseudos" obras, seja pela geração Mangá e a carga de influencia que carrega do estilo shonen, ou seja pela geração Comic que ainda vive nos anos 80 com seus heróis de cueca sobre a calça. xD
São poucos nesse cenário que ousam uma desconstrução dos estilos estabelecidos, e uma reconstrução na forma de algo novo, criando história para o grande publico, o que vejo ainda são iniciativas de otaku para otaku.

Lançar uma história em si é fácil e nem depende de muita grana, se a pessoa tem dinheiro pra investir, tem "editoras" que fazem todo o trabalho, o problema é a parte que ninguém leva em conta, que é o lucro, quadrinho é um produto como qualquer outra mídia, e o mercado impresso é saturado, quando alguém chega nesse mercado, não concorre só com outros quadrinhos, concorre com livros, revistas, jornais, álbuns de figurinhas, se duvidar até com calendários, alguns autores podem até viver apenas de Ego Inflado por ter "Lançado sua obra", mas se não entrar grana, perde-se todo o sentido, além do suporte para o lançamento de novas obras, e ficar na espera, colocando todas as esperanças na boa vontade de alguém abrir um concurso, onde seu trabalho sera colocado lado a lado de outros milhares, onde com certeza haverá gente mais competente, aguardando que seja aquele único escolhido é no minimo ingenuidade.

Acho que os autores deveriam largar um pouco essas ideias absurdas e utópicas que são plantadas nas suas cabeças todos os dias e encarar a realidade, procurar conhecer mais sobre o assunto que vai abordar, tomar uma postura de empreendedor, buscar novos meios e mercados para divulgar seus trabalhos, parar de subestimar as mídias alternativas e aprender a explora-las, assim como músicos, atores e outra variedade de artistas que começam por caminhos alternativos.

Como alguém sabe-rá "quem você é" se não mostrar seu trabalho? não é mesmo?

Por sinal, "esquecer o sonho e encarar a realidade" é um dos primeiros conselhos que os consultores dão quando se abre um negócio, e como da pra se ver no dia a dia com empresas fechando e abrindo, são muito poucas as pessoas que ouvem os consultores, isso quando consultam um consultor.

Como vejo que há aqueles que não acreditam na possibilidade de se criar um estilo próprio para o pais, pelo menos pensem um pouco e criem seus próprios estilos como autores.